quarta-feira, 8 de julho de 2015

SEXO ORAL: Aumentam casos de câncer de boca e garganta por causa do HPV



Oncologistas alertam para incidência 3 vezes maior nesta década dos casos de câncer de boca e garganta ligados ao HPV. Há 10 anos, a doença sexualmente transmissível (DST) respondia por 25% das ocorrências, atualmente esse número já chega a 80%


O sexo oral desprotegido e o número maior de parceiros têm mudado o perfil de pessoas com risco de desenvolver câncer de boca e garganta. Se antes dos anos 2000 a doença afetava principalmente homens mais velhos, fumantes e consumidores de álcool, desde 2001 mais do que dobrou sua incidência em pessoas com idades entre 30 e 44 anos e que não necessariamente fumam ou bebem. Um dos motivos é o aumento da exposição, pelo sexo oral, ao vírus HPV — o mesmo responsável pela maior parte dos casos de tumor de colo de útero.

Quem aponta a alteração no perfil de risco é a epidemiologista Maria Paula Curado, do A.C.Camargo Câncer Center, que produziu o estudo. Os dados serão apresentados a partir de hoje no Congresso Mundial da Academia Internacional de Câncer Oral, em São Paulo. Segundo ela, é maior o número de contaminados desde os anos 2000 se comparado aos da década de 1990. Entre os homens, passou de 4 para 10 casos a cada 100 mil. Entre as mulheres, de 2 para 5 a cada 100 mil.


De acordo com Curado, a falta de informação sobre a transmissão do HPV, somada à liberdade sexual, favoreceu esse aumento.

Estudo publicado pelo A.C.Camargo Cancer Center na revista científica International Journal of Cancer aponta que 32% dos tumores de boca em jovens têm associação com o papilomavírus (HPV). Além disso, estudo em andamento mostra que em amigdala, até 80% dos casos estão associados ao vírus. Há dez anos, essa associação existia em apenas 25% dos casos, representando um crescimento superior a 300%. Um dos participantes desses estudos, o cirurgião oncológico e diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço da instituição, Luiz Paulo Kowalski, alerta que historicamente os cânceres de boca e garganta afetavam homens mais velhos, tabagistas/e ou alcoólatras, mas este perfil foi invertido. "Hoje esses tumores também atingem os mais jovens (entre 30 e 45 anos), que não fumam e nem bebem em excesso. Entre eles, alguns praticam sexo oral desprotegido. Somado a isso, está o fato de que a incidência esteja aumentando porque a tecnologia que permite o diagnóstico melhorou com o desenvolvimento de mais exames de biologia molecular capazes de detectar o HPV, o que antes não acontecia", destaca Kowalski.

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