segunda-feira, 2 de maio de 2022

Gestação múltipla: o que muda e quais os cuidados necessários

 

Uma gravidez de mais de um bebê é tecnicamente chamada de gestação múltipla

É difícil achar quem não se encante ao encontrar gêmeos, trigêmeos ou até mais bebês. Muitos pais os vestem até com roupas idênticas. No entanto, uma gestação múltipla, ou gemelar, precisa de muitos cuidados e acompanhamento clínico rigoroso para prevenir e tratar possíveis desfechos graves para a mãe ou os bebês.

Uma gravidez de mais de um bebê é tecnicamente chamada de gestação múltipla. "Ela ocorre quando o embrião formado se divide gerando gêmeos idênticos (univitelinos), ou quando a mulher ovula mais de um óvulo e eles são fecundados por espermatozoides distintos, gerando mais de um bebê, nesse caso, bebês diferentes (bivitelinos)", descreve Patrícia Fonseca, médica obstetra da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vinculada à Rede Ebserh.

No Brasil, um levantamento realizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), em 2020, mostrou que as gestações únicas correspondem a 97,7% dos casos, as duplas a 2,1% e triplas ou mais, a 0,05%.

Passado o "susto" inicial, uma gravidez múltipla costuma trazer muita alegria para as futuras mães, afinal, não são todas que vivem essa experiência. No entanto, ela necessita de muito mais atenção que uma gestação única.

Conrado Milani Coutinho, obstetra especialista em medicina materno-fetal e médico assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da Universidade de São Paulo (USP), explica que esse tipo de gestação aumenta o risco de diversas condições tanto para o feto quanto para a mãe

Entre os riscos mais comuns para os bebês está a prematuridade, e todas as complicações que isso pode acarretar. Em cerca de 60% dessas gestações os bebês nascem antes do tempo.

"Na gestação de dois, a idade média de nascimento gira em torno de 36 semanas, trigemelares cai para 32 semanas, e quadrigemelares cai para 28 ou 26 semanas, dificultando a sobrevivência desses bebês", ressalta Herlânio Costa, médico obstetra, chefe do Serviço de Medicina Fetal da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará (UFC), vinculada à Rede Ebserh.

Existe ainda o risco de restrição de crescimento fetal, além de possíveis malformações. Em países mais desenvolvidos, o número de mortes é menor que em países em desenvolvimento, como o Brasil.

"Estima-se que o risco de morte intrauterina é quatro vezes maior, se comparado com uma gestação única", indica Coutinho, obstetra especialista em medicina materno-fetal.

Já a gestante tem maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, trabalho de parto prematuro, anemia e descolamento prematuro da placenta. Pré-disposição para tromboses, problemas dermatológicos e outras patologias também podem influenciar no desfecho da gravidez.

A taxa de mortalidade da mulher varia de acordo com a sua própria saúde, com o pré-natal e o parto. Mas vale alertar que, caso a mulher já tenha hipertensão, diabetes ou sofra com algum problema cardíaco, os riscos aumentam.

"É uma condição que chamamos de gestação de alto risco, por isso precisa ser acompanhada por um profissional especializado nesses casos", diz Coutinho. O médico afirma que qualquer complicação que pode ocorrer em uma gestação única tem os riscos aumentados em casos de múltiplas.

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