Primeiramente, é importante mencionar que a pergunta feita neste artigo poderia destinar-se aos esposos cristãos, até porque alguns deles podem apresentar problemas neste sentido, porém, como creio que a dificuldade em praticar esta ordenança seja mais comum para nós mulheres, resolvi destinar a pergunta a nós mesmas.
Muitos homens ao lerem “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade. Como cerva amorosa, e gazela graciosa, os seus seios te saciem todo o tempo; e pelo seu amor sejas atraído perpetuamente” (Provérbios 5:18-19), talvez pensem: "Ah, como eu gostaria que fosse assim!"
De um modo geral, os versículos acima citados, não parecem trazer grandes desafios para os homens, afinal, eles têm uma disposição mais intensa para tais coisas, já para nós mulheres, normalmente mais emotivas do que eles, muitas vezes tais versículos são bastante desafiadores. O cansaço devido a agitação do dia, as dificuldades com os filhos pequenos, a tristeza ou o mau humor, o fato de não sentir-se bonita/atraente podem levar-nos a negar ao marido o que lhe é devido e preferirmos esquecer que, conforme diz a Escritura, o nosso corpo pertence ao cônjuge.
Mas, por qual razão Paulo deixa tal advertência em 1 Coríntios 7:5, “(...) para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência”? Porque ele sabia que “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis” (Gálatas 5:17); por saber que o adultério e a impureza são frutos da carne (Gálatas 5:19), com os quais o cristão ainda luta - “(...) porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5:8).
Mulher, se você não concede sexo ao seu esposo, você está deixando-o desprotegido e as lutas travadas no coração dele são mais árduas sem a sua ajuda. Ao observar com mais atenção os versículos acima citados, chegamos a conclusão de que Paulo afirma, em outras palavras, “pratiquem bastante sexo”. A escritora Martha Peace tem um capítulo destinado apenas a este assunto em seu livro Esposa Excelente (Ed. Fiel), e ela afirma: “(...) Contudo, uma vez que os desejos do homem tendem a ser mais fortes, pode ser difícil para os homens pensarem em outra coisa que não seja sexo, quando experimentam anseio físico. Sendo assim, Deus instruiu a esposa a suprir as necessidades físicas de seu marido. A esposa também experimenta anseio físico. Por isso, Deus instruiu o marido a satisfazer as necessidades físicas de sua esposa. De outo modo, o marido e a esposa podem ser tentados a nutrir pensamentos e ações imorais. De fato, o marido deve ser tão satisfeito, que, embora outra mulher o seduza, ele não será tentado. (…)” (p.137). Ela ainda comenta: “Se uma esposa pensa: 'Como posso dar prazer ao meu marido?', ela está demonstrando amor. Ao dar prazer ao marido, a esposa possivelmente começará a experimentar mais prazer do que imaginava. (...)” (p.141).
O problema (o pecado de negar a prática do sexo) pode persistir e gerar dificuldades ainda maiores, pois mais e mais pecados serão cometidos tanto por parte da esposa como do marido, a desunião entre o casal se intensificará, o marido poderá vir a acessar sites indevidos, a esposa já não admirará tanto o marido e perderá a confiança nele e, em alguns, casos pode ocorrer o adultério, normalmente por parte do esposo.
Lembro de uma história relatada por Dave Harvey em seu livro “Quando pecadores dizem sim”, em que um casal cristão, ambos orgulhosos, travavam uma disputa entre si e tal desunião resultou em um adultério por parte do homem. Graças a Deus, este casal reconciliou-se, perdoando-se mutuamente e renovando seu compromisso para com Cristo. Mas o que chamou grandemente minha atenção nesta história foi o fato da esposa deste homem admitir sua parcela de responsabilidade neste adultério. Quando o esposo cai em tentações na área sexual tendo uma mulher que não lhe cuida devidamente, sem, aqui, querer diminuir a responsabilidade/pecado do homem, a esposa tem uma parcela de culpa nesta situação.
É verdade, também, que há momentos difíceis na vida do homem e da mulher, em que não há clima algum para a prática do sexo, devido a traumas emocionais intensos (como a morte de alguém querido, por exemplo), uma depressão grave, uma doença física, entre outros. Estes momentos devem ser discernidos pelo marido ou esposa, que tem o dever de serem compreensíveis com seu cônjuge, demonstrando apoio e carinho. Porém, que voltem assim que possível a praticar o que lhes é de direito/dever.
Por fim, talvez você esteja passando por isso no seu casamento e fica, então, a pergunta: por qual razão isto vem acontecendo? Para ajudar neste quesito, busque praticar atividade física, como caminhadas frequentes, por exemplo. Se a dificuldade persistir, talvez seja necessário que o esposo e a esposa procurem a ajuda de um médico de confiança. Sabemos que este é um assunto sério e não podemos nos esquecer que quando o descumprimos estamos não apenas pecando contra o cônjuge, mas contra Deus, primeiramente. Por isso é necessário confessar este pecado e pedir perdão ao Senhor, bem como ajuda para cumprir esta ordenança. Orar diariamente a Deus, ler/meditar nas Escrituras são atitudes fundamentais. Pedir perdão ao esposo, bem como perdoá-lo por suas falhas, pedir a ajuda dele, incentivá-lo a afirmar diariamente que a ama, que a acha bela e atraente e trazer algum presente de vez em quando, igualmente são atitudes muito importantes.
Que Deus nos ajude e fale ao nosso coração acerca desta doutrina desafiadora para nós mulheres!
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Por Angela E. P. Machado
Sobre a autora: Angela E. P. Machado é esposa de Filipe Machado - Presbítero da Igreja Cristã Reformada de Blumenau e autor do blog 2Timóteo 3.16.
Fonte: 2 Timóteo 3.16
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